Pra falar sobre a odisséia até o show do My Chemical Romance, eu preciso começar pelo começo, em 2008. Show deles em São Paulo e eu - esgotada de dinheiro após o do The Used (dezembro de 2007) e Iron Maiden (janeiro de 2008), e sem companhia - não consegui ir. Via entrevistas e pedaços do show na TV e chorava. Meus amigos e família, é claro, diziam ser digno de emo - apelido que me atormentou por muitos anos por curtir a banda. Foi, na verdade, dor de fã desiludida.
Quando assisti ao show online deles em Los Angeles de lançamento do novo álbum Danger Days, era novembro de 2010, e só então me caiu a ficha que eles deveriam estar em turnê pelos EUA. Chequei o site oficial, e não deu outra. Ingressos pro show em Washington numa terça a noite esgotados. Apelei pra New York, num sábado, em abril de 2011. Companhia eu sabia desde então que não conseguiria. Aqui, sem diferença nenhuma do Brasil em 2008, não conhecia ninguém que gostasse da banda.
Tive quatro meses de espera. Deixei pra acertar albergue em cima da hora. Dois dias depois, o hostel me mandou um e-mail cancelando a reserva sem uma explicação sensata. Foi então que a mãe americana sugeriu uma mudança de planos: vender o ingresso de NY no eBay e comprar um para o show esgotado em DC, em maio. Paguei quase o dobro no novo ingresso, e acabei nem conseguindo vender o que já tinha. Não ficaria mais revoltada se não fosse pelo dinheiro que gastaria com a viagem de final de semana pra NY. Ônibus, hotel, comida. Saiu na mesma.
Mais duas semanas de espera.
Virei fã de My Chemical Romance, no finalzinho de 2005, quando eles apareceram com Helena. Quando já estavam estourando no mundo todo com o visual preto e vermelho, de cara pálida e ollheiras, do Three Cheers For Sweet Revenge, o segundo - e ainda meu preferido - álbum da banda. Foi amor a partir daí. Ia pra faculdade com a minha camiseta do desenho do casal ensanguentado da capa do CD, e sempre recebia olhares de desconfiança. O visual, no entanto, mesmo um tanto mórbido e dark, sempre foi algo que me atraiu na banda: inventam uma história completa a cada trabalho, nas letras, na divulgação, nos vídeos, no "uniforme" para os shows. Criam verdadeiros personagens a cada álbum. MCR é daquele tipo de artista que de genial para piada é um pulo. Daquelas bandas que você curte tanto (claramente, os acha geniais e não uma piada) que gostaria poder fazer com que as pessoas as enchergassem da mesma forma.
Gosto das músicas do Black Parade (2006) - não tanto quanto os outros dois primeiros álbuns - mas não gosto do visual. E depois de quatro anos sem lançar nada novo, o Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys não poderia ser resultado melhor pela espera toda. A banda inteira com o look reformulado, novos (e fantásticos) "uniformes" (as jaquetas criadas por Colleen Atwood - que SÓ ganhou o Oscar de Costume Design este ano por "Alice no País das Maravilhas"), Gerard de cabelo vermelho. E as músicas, é claro, muito boas.
Gerard Way, vocal, é uma história a parte. Desses casos de artistas tão talentosos que chegam a ser totalmente excêntricos. Ele é o responsável pela criação de todo o visual da banda. Formado pela Universidade de Artes Visuais de Nova York, também é quadrinista (autor de The Umbrella Academy, com arte do brasileiro Gabriel Bá). Desenhou a capa do álbum Three Cheers, as jaquetas e os personagens do vídeo "Na Na Na". Pacote completo no quesito talento. Além disso, Gerard tem propósito desde a criação da banda em ajudar com a música jovens "desperançosos", da mesma forma com que o MCR já o salvou duas vezes (quando era depressivo e alcoólatra).
E foi ontem, dia 10 de maio de 2011, que eu finalmente vi um show do My Chemical Romance, em Washington DC.
(continua no próximo post)
Série - "Strike"
Há 6 anos
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