sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A véspera

Mala pronta. Claro, naquelas... Vou acabar achando espaço pra mais algumas coisinhas (talvez até desnecessárias). Já entende-se que não sou nem um pouco boa em fazer malas, mesmo quando se trata de uma viagem de uma semaninha.

Quão clichê é ter uma péssima semana antes das férias? O mais velho esqueceu a mochila no meu carro e foi pra escola sem lanche. O pai americano resolveu ficar preso no trabalho justo no dia em que eu tenho aula. Tive de trabalhar extra uns dois dias. Os meninos resolveram brigar mais do que o normal. E a paciência escorrendo ligeira pelo ralo... É tão comum sentir-se esgotada antes da folga. Faz a viagem até parecer necessidade e não opção.

Mas aí, na manhã da véspera, recebo uma mensagem no celular: "Forgot to tell you, there is something cool for you at the freezer". Abro o congelador e encontro um envelope com meu nome escrito. Dentro, um cartão de agradecimento ("Muito obrigada por cuidar tão bem dos nossos meninos. Tenha uma ótima viagem!") e o pagamento pelas horas extras - dinheirinho muito bem vindo na véspera das férias. Diga o que quiser, mas eu funciono melhor quando meu trabalho é reconhecido.

Em seguida, pergunto em voz alta "Quem vai estar na Califórnia amanhã!?" e os meninos apontam pra mim. "Quem vai sentir falta da Brenda"? Os dois apontam pra eles mesmos. Ganho ainda abraços e beijos extras de cada, pra valer por uma semana inteira ausente em casa.

São esses detalhinhos que fazem a volta a rotina não ser tão dolorosa no fim das férias.

A viagem

Sem planos concretos, pra variar. Temos hotéis e carro reservados e é isso. No entanto, estamos programando essa viagem há meses que deu pano pra umas cinco mangas. No geral, seremos seis brasileiras fazendo uma das obrigações de au pair nos EUA: conhecer Los Angeles e Las Vegas. Dirigir no deserto. E como serei eu que alugarei o carro, confesso que, por enquanto, estou mais preocupada com os detalhes de seguro, GPS, e as cinco horas no volante que ainda não aproveitei a sensação de véspera de viagem por inteiro.

É claro que vamos revezar a direção; não ter um itinerário não limita nossas opções e faz da viagem mais espontênea; e tudo se resolve no final. Mas não seria eu mesma sem me preocupar por antecedência. A gente aprende a viver com nossos defeitos imutáveis...

Halloween

Perderei o "Trick or Treats" dos meninos aqui pela vizinhança, mas já tive oportunidade de ve-los usando as fantasias de Jango Fett e Darth Vader. As meninas e eu estaremos em Las Vegas no dia 31 de Outubro. Acredito ser um lugar interessante para se passar o Halloween e é a parte da viagem que mais tem me deixado ansiosa.

Fantasia já está na mala, junto às blusas, saltos altos, câmera e o resto das coisinhas que consegui decidir levar comigo. Que o que ficar não faça falta.

Até comecinho de novembro!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Oito meses


Comemorei o oitavo mês aqui na maior festa de tinta do mundo, Day Glow Party, no club Ibiza em DC. Quatro ambientes diferentes, DJ's diferentes (inclusive o DJ Manifesto, do qual viramos fãs depois do sábado, dia 16), e tinta "voando" pra todos os lados. Todo o aperto e desorganização que não passei nos shows nos EUA, passei ontem. Digno de fim de show no Brasil.


A festa era under 21, o que significa que era permitida entrada de jovens acima de 18 anos. Americanos adolescentes são loucos. As meninas são drama queens. É duro generalizar, mas é o que se vê.

Foi bem divertido, mesmo com todos os poréns. Parece que todos estão uniformizados, vestidos de branco. No fim da festa, não há uma única roupa não tingida de laranja, verde, pink e amarelo neon.

Flight back home

Eu não tinha intenção de escrever sobre isso hoje (22). Até porque, eu prometo a mim mesma evitar ao máximo os mimimi's ou posts emocionados. Mas foi impossível depois de receber, exatamente no meu eight-months-anniversary day, a carta do Au Pair in America com as informações para marcar meu voo de volta para o Brasil, caso eu decisa não estender o programa.

Agora não tem mais escapatória. Os meses passaram num piscar de olhos, e depois de fugir da decisão de ficar mais ou não, com a desculpa de que "ainda falta muito", eu vou ter de dar uma resposta. Tenho um mês para acertar todos os papéis, seja qual for minha decisão.

São nos aniversários da minha estadia aqui que eu caio na real o tanto que eu estou longe de família e amigos. É meio surreal. Graças às facilidades da internet e à possibilidade de ve-los pela webcam, a falta deles é um pouco enganada, o suficiente para não sofrer de saudades o tempo todo. Mas quando paro pra pensar que já estou aqui há oito meses, a distância e saudade cai que nem pedra na cabeça.

Mas pensar em ir embora, surpreendentemente, causa resultado bem semelhante agora. Deixar essas crianças não vai ser fácil.

Deixar a vida aqui não vai ser fácil.

PS: comecei a escrever esse post no dia 22, quando completei oito meses aqui nos EUA. Hoje, dia 25, completo oito meses na casa da família americana.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Weekend course


Uma das opções para as au pairs da região que precisam preencher os créditos exigidos pelo programa é um curso de final de semana na faculdade Sojourner-Douglass, em Baltimore (MD). Os temas são poucos e aleatórios.

Três motivos podem levá-lo a optar por ele: o assunto do curso realmente lhe interessa (o menos possível de todos); estudar nos EUA não é importante e você só está preocupado em preencher os créditos; ou - a minha opção - você escolheu um curso que lhe interessa, mas o maledetto não conta créditos, e então é forçado a consegui-los da maneira mais rápida.

Doeu o coração gastar minha bolsa paga pela família americana em dois desses cursos de finais de semana. O primeiro deles foi no primeiro de outubro, nos dias 9 e 10. Eu e minha amiga Cecília rumamos para Baltimore - pouco mais de uma hora de minha casa, de carro - na manhãzinha de sábado para fazer o check-in no hotel (incluso no preço do curso) e entrar a tempo na primeira aula, às 9 am.

É claro que tento tirar proveito de todas as coisas que decido fazer e não foi diferente dessa vez. Absorvi tudo o que pude das aulas, mas, infelizmente, não eram "grandes coisas". O tema Hospitality and Tourism pode ser bem interessante quando bem aproveitado. No entanto, a intenção clara dos professores era fazer com que as aulas - todas de duas horas de duração - passassem rápidas e indolores, sem muito esforço e conteúdo.

Um agravante: se deixar para selecionar suas aulas nos últimos dias (é você quem monta a programação), pode acabar tendo de frequentar temas bem desnecessários como "Money 101" (aprenda como usar as moedas e escrever cheques norte-americanos) e "Children's Literature".

Foi quase como uma segunda integração (das que toda au pair tem de fazer em NY). Um monte de au pairs do mundo todo tendo aulas juntas, com a diferença de ter pouquíssimas brasileiras - rara ocasião, me senti única. Foi até divertido, com direito a jogar Uno no bar do hotel com alemãs, francesa, brasileiras e um male au pair brasileiro.

Pra variar, melhor parte do fim de semana foi voltar dirigindo pra casa ao entardecer do domingo. A ponto de até gostar de ficar presa no trânsito na região de Bethesda pra ter tempo de observar o céu avermelhado. No começo de dezembro, estaremos lá de novo para o segundo e último final de semana do curso. Com roupas de inverno na mala.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pride and Prejudice

Perdão Jane Austen, mas o título vem bem a calhar com o que está entalado na minha garganta. Na verdade, é um acúmulo de atitudes e desdém de alguns norte-americanos difícil de engolir. Eu posso apostar minha coleção de all star de que todas as au pairs vindas de um país do terceiro mundo já passaram ao menos uma vezinha por situações semelhantes de preconceito ou simplesmente ignorância. De insultar o orgulho e a inteligência. Portanto, I'm very sorry, but this post has to be in english so the people who need to read it can understand.

We are not in the USA for the money. Making a budget can be one of the reasons some of us came to be an au pair, but in just rare exceptions that's the main porpose. Being Brazilians doesn't mean we're poor.

You don't need to talk to me slowly or like I have some kind of problem. I can speak your language (unlike most of you, that doesn't even know portuguese is Brazil's oficial language). Speaking in english about me beside me, thinking that I can't get what your saying, is foolishness. And don't be afraid to get close, have a conversation with me as normal, civilized people. I don't have any contagious disease just for being a foreigner.

I've been asked if we have bears in Brazil, if we celebrate Christmas, people were surprised 'cause I knew who were the Power Rangers. You may not recognise it, but not knowing anything about other countries is ignorance. Lack of respect for the rest of the world.

And just to make things straight, I'm not talking about my host family or about their relatives. They're being really nice to me since I got here and I'll always be grateful for that.

Pronto, tendo tudo isso vomitado, prometo não escrever outro post revoltado tão cedo.

PS: I don't like to stereotype. Not all the americans act like that, of course.

domingo, 3 de outubro de 2010

C'est la vie


As vezes o destino dá um sopro de sorte na rotina, e você vai parar num resort digno de cinema em Palm Beach, Flórida, sem gastar um tostão. Estava a trabalho, é verdade. Mas quem se importa em trabalhar de cara para o mar, depois de passar uma manhã tostando no sol e calor pegajoso do sul americano?

É daquelas situações que sempre quis estar mas nem pensava em sonhar por ser um tanto fora do alcance (ou orçamento). Deixar acontecer nem sempre é tão ruim ou conformista. Aos poucos vou aprendendo a não sofrer por antecendência.