quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dois meses

O que o tempo não faz... Com o simples passar dos dias, a sensação de que eu posso pertencer a esse lugar apareceu, assim, sem ser percebida. De repente, a saudade de casa não doía tanto e eu já conseguia abrir a geladeira da casa nova sem me sentir uma intrusa. O meu quarto e meu banheiro começaram a ter mais a minha cara, com as minhas coisas espalhadas: bijuterias, shampoo, havaianas, fotos... E eu conseguia dirigir pela área sem a sensação medonha de estar perdida não importa onde.

Falar inglês o tempo todo já não incomoda mais. Mas nunca na minha vida senti tanto orgulho de falar português. Se encontrei uma pessoa aqui que soubesse que no Brasil a língua oficial não é o espanhol foi muito. Ser estrangeira nesse país é tão comum quanto ser corinthiano em São Paulo. É mais fácil encontrar alguém de fora do que um americano.

Tenho conta no banco, cartão de débito, cartão de fidelidade do mercado. Recorto cupons de descontos no jornal. Não cozinho mais, só aqueço no forno as refeições que já vem preparadas, vendidas nos diversos corredores de comida congelada. Churrasco significa hamburguers feitos em casa, e hot dog significa só a salsicha.

Um mês pode não ser suficiente para se acostumar totalmente a viver numa nova cultura. Um mês a mais pode fazer toda a diferença.

Brenda