segunda-feira, 11 de abril de 2011

Minha vira-lata


Dia 4 de abril fez dois anos que eu adotei Amelie, a minha vira-lata. E eu comemoro a data, porque foi, além de um dos dias mais felizes da minha vida, uma das minhas maiores conquistas. Desde que me conheço por gente tentava convencer meu pai a me deixar adotar um cachorro, mas, com o agravante de morar em apartamento por mais da metade da minha vida, passei muito tempo perdendo a batalha. Tantas foram as tentativas frustradas que acabei aceitando, lá pelos 11 anos, a me contentar com hamsters. Tive nove em um intervalo de seis anos, aproximadamente, e os amei muito. No entanto, ter estes bichinhos como pet judia muito do coração. Vivem entre dois e três anos. Sempre me apegava a eles e depois os perdia.

Em 2008, mudamos para uma casa e eu voltei com todos os meus argumentos e insistência. Em uma tarde de abril de 2009, sem sinal de que eu estava prestes a conseguir, saindo do shopping com minha mãe, ela me diz: "Seu pai te deixou adotar uma cachorra". Foi, sem dúvida, uma das melhores surpresas da minha vida. Dirigimos até uma clínica veterinária de um conhecido da família (que, inclusive, era o "médico" dos meus hamsters) que sempre tem cachorros pra adoção.

Naquela mesma tarde, um filhotinho macho encontrado na rua tinha sido levado à clínica. Já havia sido vacinado e acabava de sair do banho. Eu o carreguei e ele tremia muito. O outro cachorro pra adoção era uma fêmea, já adulta, de porte pequeno, vira-lata. O veterinário a encontrou perdida atravessando uma pista no fim de dezembro e, desde então, ela vivia num cubículo da clínica, esperando alguém quere-la. O que me fez realmente decidir por ela foi a resposta à minha pergunta "Qual tem mais chance de ser adotado?": "Quase sempre, as pessoas querem filhotes". E foi aí que resolvi acabar com a espera de quatro meses da cachorrinha e levei pra casa a criatura que se tornou o amor da minha vida.

O nome veio do filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", um dos meus preferidos. Amelie é a recompensa por todos os anos de espera. Nem precisou ser ensinada e só fazia as sujeiras no quintal. É calma, pouco late (a não ser que o cachorro vizinho, inimigo número um dela, lata na casa da frente), carinhosa e engraçada. Sinceridade, ela é feinha, uma mistura de várias raças, acredito. Orelhas enormes, focinho longo, pêlo descontrolado, costelas saltadas. Mas como boa dona, é, pra mim, a cachorra mais fofa do mundo.

Qualquer pessoa que tenha um cachorro sabe quanto o amor por essas criaturas cresce e toma conta do coração. Sabe o lugar e a importância que eles acabam tendo na vida e tornando-se membros da família. Entretanto, acredito que só quem adota consegue sentir a gratidão transparente e o apego dos adotados. É emocionante e uma das sensações mais gratificantes. De tal forma que até meu pai é, hoje, apaixonado pela Amelie. A ponto de, quase dois anos depois, resolver adotar uma segunda cachorra.


Lola (nomeada contra minha vontade) foi abandonada no bairro do serviço dele e tinha acabado de perder um filhote recém nascido atropelado. Chegou em casa assustada e demorou um pouco a se acostumar. Ela e Amelie já estão amigas e têm, hoje, o amor e atenção que todo cachorro merece ter. E eu que por tantos anos lutei por ter uma cachorra, tenho duas, sem nem ainda conhecer a segunda. Somos agora uma família de seis membros.

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