Pela primeira vez nesse tempo todo, eu gostaria de não "precisar" escrever aqui sobre mais um mês vivido. Tudo que rascunhar vai soar repetitivo. O pacote da Au Pair In America chegou e eu preciso fechar data e detalhes sobre meu voo de volta até meio de maio. Minha família americana também já recebeu as informações necessárias para começar o próximo processo de match. O meu coração está apertado e eu estou apreensiva por diversos motivos que já divaguei a exaustão neste blog. Portanto, evitarei-os neste post. Até quando conseguir...
Neste 14º mês consegui fazer algumas coisas diferentes que acabei perdendo ano passado. Por ser muito verde ainda na região, recém chegada, tentando me adaptar a mudança e rotina, deixei de participar de alguns programas. Este ano, consegui riscá-los da minha lista de coisas-a-serem-feitas-antes-de-voltar.
A primeira delas foi ir à Washington D.C. durante o
Cherry Blossom Festival, que marca o início da primavera. Todas as árvores florescem e uma programação de shows, feiras, paradas toma as ruas da cidade por duas semanas. Qualquer lugar que vá, encontrará cherry blossoms brancas e rosas, de deixar qualquer foto maravilhosa. O National Mall, no entanto, é o ápice do evento. Estive em D.C. em todas as épocas do ano, mas esta é a mais bonita para se visitar a cidade (disputa acirrada com o outono, quando a cidade é tingida de vermelho e laranja).
O segundo item riscado foi o baile da
Academia Naval de Annapolis, capital de Maryland - estado vizinho, que divide Washington D.C. com a Virginia. Uma festa com banda e DJ no ginásio da escola para os alunos e qualquer um que comprar os ingressos de $10. Este evento merece uma explicação a mais.
Os futuros oficiais da Academia são, na maioria esmagadora, meninos entre 18 e 22 dois anos de idade, presos a uma
rotina rígida de aulas e treinamentos. O baile é um dos eventos realizados pela escola para que eles possam ter um pouco de diversão durante o ano. E é comum que todos os clusters de au pairs da região sejam convidados para a festa. Por quê? Um monte de meninas estrangeiras.
A minha certeza sobre a insistência na participação das au pairs foi confirmada quando uma amiga me enviou o e-mail que a counselor dela mandou para todas as meninas do cluster, intitulado "Naval Academy Ball tips". Dentre as dicas dela:
-Mantenha em mente que estes aspirantes da marinha não podem casar ou assumir filhos enquanto alunos da escola. Baseada nesse fato, tome decisões seguras.
-Os aspirantes da marinha estarão de uniforme. Quanto mais listas no ombro do uniforme, a mais tempo eles estão na escola. Um aluno com nenhuma lista terá, provavelmente, 18 ou 19 anos. Isso significa que não terá acesso a carro e é sujeito a regras rígidas para os finais de semana, o que o dificultará de visitá-la.
-Converse/socialize com alunos com mais listas na manga do uniforme. Eles são os veteranos da escola e têm carros MUITO legais - isso é símbolo de status pra eles.
-Os aspirantes da marinha são típicos meninos: levemente arrogantes e convencidos. Eles são assim porque acreditam ser o melhor que o exército americano tem a oferecer. Escute a tudo que eles têm a dizer, mas acredite na metade.
-Divirta-se, mas lembre-se de que garotos são garotos mesmo que pareçam DEMAIS em uniforme da marinha.
Quase desisti de ir de tão ridículas estas dicas são. Mas ignorando a parte fútil do evento e focando nas partes boas: Annapolis é uma cidadezinha histórica muito bonita dos EUA. A Academia Naval - a qual já havia feito uma breve visita em julho de 2010 - é um lugar grande e encantador. E o baile seria, com certeza, uma programação completamente diferente para o final de semana. Liguei o botão do foda-se, comprei um vestido novo na Forever XXI, e resolvi ir com mais três amigas.
(Detalhe: entramos de graça. Um blog publicou a informação errônea de que era possível comprar ingressos na entrada do evento, mesmo estando esgotados na venda online. O aspirante da porta teve "piedade" das quatro au pairs sem ingressos e nos deixou entrar sem pagar.)
Como a maioria dos alunos são menores de 21, bebidas alcóolicas não são permitidas na festa. E como eles têm uma rotina rígida de aulas, o baile termina à meia noite em ponto. Todos os aspirantes da marinha têm de estar (e manter-se, durante toda a noite) uniformizados. Foi quase uma volta aos bailinhos do ensino fundamental. Os meninos ficam confabulando em grupinhos, decidindo quais meninas pedirão pra dançar. E até agora a única festa black tie americana de qual fiz parte. Foi divertido mudar os ares e valeu a experiência, mas o baile não é grandes coisas.