Agora que dei uma volta completa no ano e nas estações, e estou revendo o clima dos Estados Unidos da mesma forma de que cheguei aqui, não me espanta que tenha ficado um tanto deprê nas primeiras semanas. O frio já bastaria. Eu odeio frio. Mas o visual de fevereiro é melancólico, cinzento, nebuloso. Nos dias que antecedem a neve, chega a ser até um tanto sombrio. O céu fica inteiro branco gelo, sem nuvem nenhuma.
O inverno de verdade pode ser bem incômodo. A bolsa ganha um peso a mais porque passa a ser obrigada a carregar luvas, toca, cachecol (e sendo au pair, deve multiplicar isso pelo número de crianças que cuida), e perde alguns minutos a mais no dia colocando todos esses acessórios (em você e nas crianças) toda vez que vai sair de casa.
As casas e todos os lugares fechados têm aquecedores. Os carros também, inclusive aquecedores de assento. O problema é o caminho lugar/carro/lugar. Precisei, uma noite, ficar mais de 15 minutos numa temperatura de -10°C e é extremamente doloroso. Em certo ponto, o corpo, amortecido, já não sente mais nada. Ou não se sente mais o corpo. E em todas as vezes que eu precisei fazer esse caminho, me passava a mesma coisa na cabeça: "Como é que alguém consegue se acostumar a viver em qualquer país do mundo que tenha um inverno como esse?".
No começo do ano passado, só vi a neve suja. A que resta da última tempestade (e foram muitas de 2009 pra 2010, alguns dias antes de me mudar) e demora pra derreter nos poucos dias de sol. Em dezembro, no entanto, eu vi a única de todas as razões possíveis pra se acostumar com o inverno de verdade: a neve. Aquela branquinha que cai em flocos que parecem purpurina no sol. Foi a coisa mais linda que eu já vi na vida. E foi na quantidade perfeita, uma ou outra, de leve. Uma só tempestade. O suficiente pra ver, tocar, provar, brincar de guerra, fazer anjo, boneco, forte, cavar a garagem e a calçada. Mas sem ficar presa em casa ou sem poder dirigir, sem acidentes.
A menos de 20 dias da primavera, não verei mais neve esse ano. Mas o frio já vai tarde.
Um comentário:
Olha, como amantedo frio, confesso que sinto saudades das temperaturas baixas daí... Ah, e a neve então... nem se fala!!!
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