Depois de percorrer um looping completo no ano e começar a repetir os meses, o número 13 me trouxe sorte e uma experiência inédita nos EUA. O melhor ocorrido no meu 13° mês de intercâmbio - e uma das melhores desde que cheguei - foi, com a licença de Hannah Montana, misturar um pouco dos meus dois mundos. Recebi a visita relâmpago de duas primas na minha casa na Virginia. A visita foi quase uma prova de amor de prima: cinco horas dentro de um ônibus de Nova York a Washington DC na quinta e mais cinco horas na volta na sexta, sem nem completar um dia pelas bandas de cá.
Procurei aproveitar o pouco tempo que tínhamos para mostrá-las o máximo do lugar em que vivo. Apresentá-las à minha realidade e rotina desses treze meses. A casa, a família americana, os pequenos, a vizinhança, biblioteca, shopping, laguinho, Dunkin Donuts, cinema... Quase um tour mesmo. Passava de carro e apontava os lugares. Como eu previa, elas se apaixonaram pelos meninos que eu cuido. E quem não se apaixonaria?
Na sexta (12), viajei para NY com elas para encontrar meus tios/padrinhos. Como é bom rever parte da família, um pedacinho de casa. Fui recebida com um abraço enorme e apertado da minha tia, quase de mãe, como não recebia há mais de um ano. E pela primeira vez em NY, fiquei no aconchego e hospitalidade de um hotel de verdade. Bem diferente dos outros finais de semana, que tiveram mais cara de mochilão, esse teve sensação de viagem em família - mesmo eu estando de gaiato na viagem a serviço deles.
Conheci o bairro Soho, almoçamos e jantamos em diferentes restaurantes, e colocamos em dia o papo e as fofocas acumulados nesse ano que passamos distantes. Sábado a noite, assistimos ao musical da Broadway "
Rain: A Tribute to the Beatles", que é maravilhoso.
E o domingo chegou rapidinho, pra que me forçasse a mais uma despedida. E o coração revoltou-se comigo: "Quanto mais você vai me forçar a aguentar?". Falta pouco, coração, e vai rever a todos sem precisar se despedir logo em seguida. No entanto, senti um gostinho do que será me despedir dos meninos. Sexta, ao me ver sair de mala com minhas primas brasileiras, o pequeno me abraçou e me pedia pra ficar. Acredito que imaginou que eu estava voltando para o Brasil com elas. E me partiu o coração. Nas cinco horas de ócio dentro do ônibus, na ida, inevitavelmente imaginei como vai ser ter de deixar esses pequenos e não ve-los mais todos os dias. Com certeza, a coisa mais triste que já fiz na vida... Foi no 13° mês que a ideia de voltar me causou um leve desespero. A sensação de "ainda não".
Mas, de volta a Virginia e a rotina de au pair... Para a minha felicidade, começou o Daylight Savings Time (o nosso horário de verão) e a PRIMAVERA. As árvores já estão carregando de flores e o tempo esquentando. Já era tempo!