segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nove meses


Em Las Vegas, Ana Paula, Michelle e eu subimos na torre do hotel Stratosphere, de mais de 350 metros. Só percebo o quanto tenho medo de altura quando preciso passar por situações como essa. É apavorante. Foi pisar fora do elevador, e minhas pernas começaram a tremer. Prevendo meu pavor, comprei apenas um ticket para escolher entre as três atrações da torre. Já havia visto sobre os brinquedos em um documentário sobre montanhas-russas e parques de diversões. Eles são bem simples, fraquinhos, se não fosse o fato de estarem todos pendurados a beira da torre.

Cheguei a sentar na cadeira da Insanity, mas amarelei. Levantei antes mesmo de fecharem a trava, alegando "I'm a chicken" para o funcionário (quase um equivalente a "Eu sou uma covarde", termo aprendido com o McFly de "De Volta Para o Futuro" - Nobody calls me chicken). O único brinquedo que consegui ir foi o Big Shot (semelhante ao elevador do Playcenter), que é até pequeno - já fui em piores. Mas a altura do prédio me fez sofrer pra decidir realmente enfrentá-lo. Os funcionários foram bem pacientes, me esperaram "dominar" o medo, resmungar alguns palavrões em inglês, enquanto minhas amigas tentavam me encorajar (já sentadas no brinquedo).

Lembro bem de pensar que seria uma vergonha ter chegado até ali e não ter coragem o suficiente de tentar, de enfrentar o pânico. E como é difícil enfrentar o pânico. É uma sensação tão humilhante. É raiva de não conseguir me controlar mesmo sabendo que é uma oportunidade única. Quantas vezes estarei no topo do hotel mais alto de Las Vegas? E foi quase me arrastando, que consegui sentar na cadeira. Fui, gritei, xinguei, abri os olhos e, meu Deus, que vista foi aquela. Las Vegas ao anoitecer. Foi a melhor recompensa depois de ter quase chorado de medo e mesmo assim conseguido enfrentá-lo. Foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na minha vida.

Mas não mais difícil que decidir ficar nos EUA por mais seis meses. E foi por este motivo que resolvi contar o incidente na Stratosphere. As sensações são exatamente as mesmas. É uma oportunidade única. Quantas vezes terei a chance de morar fora - ainda mais nas condições em que vivo? Quantas vezes terei um visto aceito? Quantas vezes terei 20 poucos anos num outro país que não o meu? Quantas vezes poderei estudar nos EUA? Posso continuar por páginas e mais páginas...

No entanto, a saudade de tudo e de todos, o medo de estar atrasando minha vida, minha carreira, de ter tomado a decisão errada, me fizeram pensar realmente em não ficar. Eu não quero ir embora com a sensação de não ter tentado, nem que fosse pelo tempo mínimo de extensão possível. E por isso, hoje, ao completar nove meses morando nos EUA, que eu completo exatamente metade do meu caminho. Half way done.

2 comentários:

Klaus Lautenschlaeger disse...

Em um DVD que tenho do Red Hot, eles contam uma passagem cômica da banda nesse Big Shot.. lembrei disso.
O seu tempo aí coincide com o meu em um dos meus trabalhos. Legal que esteja curtindo. Beijo 'bixete' :)

Stela disse...

Ahhhh que legal! Vc decidiu ficar mais! Concordo plenamente com a sua decisão, eu queria poder ficar mais, pois a experiência que vivemos é única e o tempo tbm! Aproveite muito os próximos meses tanto quanto aproveitou estes que passaram! Bjao