quinta-feira, 10 de junho de 2010

FAQ

Em um intervalo de uma semana, umas cinco meninas vieram me perguntar sobre como é ser au pair, interessadas em fazer o mesmo. Por isso, resolvi escrever esse post com algumas informações sobre a vida de quem vem pra cá nesse tipo de programa. Pegou-me de surpresa o fato de que quase quatro meses é tempo suficiente para passar de quem pergunta pra quem responde. E estando aqui, posso ser sincera sobre algumas coisas que não são ditas antes e eu gostaria de ter tido conhecimento. Lembrando que toda regra tem sua exceção.

Ser au pair é uma das maneiras mais baratas de "intercâmbio" para aprender o inglês. Esta é a principal e quase unânime razão pela qual meninas se interessam pelo programa. O salário é razoável, mas dá para viver muito bem, uma vez que não é preciso gastar com casa nem comida - e é por isso que au pair é um bicho que viaja e está sempre em festa. Morar com uma família americana te força a praticar o idioma todos os dias, o tempo todo.

O fator financeiro também é a razão principal pela qual os americanos optam por ter uma au pair. Contratar uma nanny é caro. Na hora de fazer o match com a família, é preferível achar pais super legais a filhos fáceis de cuidar. Crianças dão trabalho, isso é fato. Portanto, é mais importante se dar bem com quem vai ser responsável por você durante o ano.

As famílias integrantes do programa - mesmo sendo mais recompensador financeiramente - têm dinheiro. Isso significa que vivem numa casa grande, em cidade pequena - o que, para eles, é sinônimo de vida boa. É muito difícil cair em cidade grande. Não se escolhe onde vai morar, e sim a família.

Para viver realmente bem aqui é preciso uma série de detalhes aparentemente insignificantes: não ter de dividir banheiro com as crianças e em que parte da casa fica o quarto da au pair; rotina e horário das crianças; se há metrô por perto e quantas au pairs vivem na região; se os finais de semanas serão off; e, para mim o mais importante, o uso do carro e divisão de gasolina. Quando estiver em processo de match, não tenha medo de fazer perguntas para as famílias antes de fechar com qualquer uma.

Crianças mais novas dão mais trabalho, além de não irem para escola todos os dias. Experiência própria. As mais velhas, normalmente, têm inúmeras aulas durante a semana, fora do horário escolar: football, soccer, baseball, cheerleading, teatro, balé, natação... As vezes, au pairs são contratadas para serem motoristas.

A counselor, pessoa da agência responsável pelas meninas da região, liga uma vez por mês. Ela não ajuda em nada no processo de achar o que estudar e nem aparenta se preocupar com isso. Por este motivo é comum ver au pairs esquecendo que vieram para estudar também. A minha impressão é que o estudo neste tipo de programa é como uma máscara para não aparentar que estamos aqui só a trabalho.

Muita gente comenta o quanto somos corajosas de vir pra cá. Somos mesmo. Au pair trabalha bastante; americano não é receptivo com estrangeiro; parentes da sua família vão te tratar como empregada. Entretanto, é necessário uma boa dose de coragem contratar alguém de outro país, que você nunca viu antes na vida, para morar na sua casa e cuidar dos seus filhos. Portanto, a relação entre au pair e família tem de ser uma via de duas mãos.

Eu tive sorte: adoro a família que escolhi; tenho carro e GPS só meus; meu quarto e banheiro são no basement, bem reservados; moro numa cidadezinha bem localizada, a 20 minutos do metrô e a meia hora de Washington DC; tenho os finais de semana livres. No entanto, cuido de dois meninos pequenos, o que significa ter de passar o dia todo com eles - até setembro, quando as aulas voltam e a nossa rotina muda.

Cada caso é um caso. São muitos os exemplos, e cada família tem seu lado bom e ruim. Assim como o programa de au pair e absolutamente tudo na vida. Mesmo com todos os apesares, ser au pair é uma forma muito legal de viver um ano em outro país. Eu recomendo e me surpreendo com a quantia de brasileiras que encontro.

Estou aberta a mais perguntas, que responderei com prazer aqui no blog. E aproveito para agradecer minha amiga Camila que pacientemente me respondeu um milhão de perguntas quando eu estava no meu processo de match - e ela já passava para o segundo ano como au pair.

Brenda

Um comentário:

Bruna Pinheiro disse...

Muito bom o post, é sempre bom ver um "na real" das menians que já estão aí. Bjus.

http://perfectlittleaccident.blogspot.com/