terça-feira, 22 de junho de 2010

Quatro meses


Que data mais conveniente para se completar quatro meses morando nos EUA. Hoje é meu aniversário. Seriam 22 invernos se não estivesse no início do verão escaldante da Virgínia. Pois então são 21 invernos e um verão. Que coisa estranha! Pela primeira vez na vida está calor no meu aniversário.

É a primeira vez, também, que comemoro sem minha família, mas o Skype fez a sua parte: à meia noite estavam todos lá, na frente do pc, para me desejar feliz aniversário. E nada que alguns brigadeiros e um playdate em casa, na piscina, não resolvam. Festinha modesta, cheia de crianças, mas totalmente necessária pra não deixar passar esse marco: 22 anos no dia 22. E, é claro, juntar as amigas pra sair a noite! Duas horas de espera no restaurante Cheesecake Factory pra conseguir uma mesa para 13 pessoas. Primeiro aniversário na minha vida que me cantam parabéns em português, inglês, alemão e espanhol.

Bem aproveitado my birthday na terra do tio Sam.

Brenda

domingo, 20 de junho de 2010

You've got mail


Longe de mim falar mal da internet, meu maior vício, e não consigo nem pensar como seria se ainda só existisse o correio para manter contatos e matar as saudades. Mas toda a instantaneidade, facilidade e impessoalidade da internet não substitui o romantismo de receber uma carta, hábito tão esquecido hoje em dia.

Ainda mais se, junto das cartas, vierem presentes e mais presentes inesperados de pessoas queridas! Amo muito todos vocês! Obrigada por fazerem do meu aniversário muito mais feliz!

Brenda

PS: o aniversário ainda está por vir, dia 22 de junho! =)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Minha penseira virtual

Escrever, para mim, sempre foi terapia. E a gente só procura terapia quando tem algum problema. Ninguém senta durante uma hora no divã para reclamar que está feliz. É quando estou mais melancólica que me surge inspiração, que me dá uma necessidade de colocar tudo que tem me afligido da cabeça para o papel (ou teclado). É como uma limpeza mental. Acredito, até, que foi pensando nisso que J.K. criou a penseira, em Harry Potter.

Por este motivo, sem perceber, escrevo meus posts quando a melancolia resolve dar as caras. Por consequência, aparento não estar gostando da experiência nos EUA.





@bidola A verdade é que sempre se está ocupada demais sendo feliz, q não se pensa em fotos ou blog!! rsrsless than a minute ago via web



Essa é a verdade. Quando estou feliz, não penso em perder tempo escrevendo. O que contradiz totalmente a razão pela qual criei o blog. A experiência só é completa com os momentos bons e ruins. Vivendo os dois lados, eu estou. Mas só tenho escrito, em grande maioria, os maus bocados. Ninguém é obrigado aguentar mimimi's e chororôs.

Obrigada, Vivi, pelo puxão de orelha. Foi uma sacudida mais do que necessária. Policiarei-me.



Brenda

sábado, 12 de junho de 2010

É a vida desse meu lugar


Longe da família e amigos, nos apegamos às brasileiras que encontramos por aqui. Estamos todas na mesma situação. Conhecer pessoas que deixaram o mesmo lugar para vir pelos mesmos objetivos - com a vantagem de falarem a mesma língua - dá uma força extra para aguentar o ano. Em poucos meses, cria-se uma amizade e companheirismo inexplicável. As amigas au pairs são o mais próximo de família que se tem aqui. São pedaços do Brasil nos EUA. E quando se mora no trabalho, a vontade de sair de casa e ver gente diferente é inquietante.

O difícil é entender que essas amizades são relâmpagos. O meu ano não é o mesmo delas. Uns acabam antes, uns demoram um pouco mais. Despedidas serão constantes. É cruel. Ontem, passei pela primeira experiência de me despedir de uma amiga au pair. Fomos todas até o aeroporto para acompanhá-la nos últimos minutos como intercambista. Perdi um pedaço do meu país na terra do tio Sam e pensei nos poucos meses que eu tenho para aproveitar a companhia das meninas que eu conheço aqui. É uma fila de despedidas já agendadas.

Como se já não bastasse, me peguei pela primeira vez pensando em como vai ser ir embora. O tempo tem passado rápido demais. Quando menos perceber, eu vou ter de me despedir da vida que eu criei aqui. Sim, uma vida. E não é a mesma coisa da despedida no Brasil, para vir pra cá. O que deixarei aqui, deixarei pra sempre. A minha família americana vai contratar uma nova au pair, os meninos vão crescer, cada uma das amizades criadas vai estar espalhada por algum lugar do Brasil... É cedo para me preocupar com isso, mas a cada partida de alguém, esses pensamentos vão tomar força e parecerão cada vez mais reais, palpáveis. Próximos.

De todas as coisas que se ganha em ser au pair, uma é garantida: o emocional fortificado.

Brenda

PS: Fabi, obrigada por me receber aqui. A minha veterana vai fazer falta!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

FAQ

Em um intervalo de uma semana, umas cinco meninas vieram me perguntar sobre como é ser au pair, interessadas em fazer o mesmo. Por isso, resolvi escrever esse post com algumas informações sobre a vida de quem vem pra cá nesse tipo de programa. Pegou-me de surpresa o fato de que quase quatro meses é tempo suficiente para passar de quem pergunta pra quem responde. E estando aqui, posso ser sincera sobre algumas coisas que não são ditas antes e eu gostaria de ter tido conhecimento. Lembrando que toda regra tem sua exceção.

Ser au pair é uma das maneiras mais baratas de "intercâmbio" para aprender o inglês. Esta é a principal e quase unânime razão pela qual meninas se interessam pelo programa. O salário é razoável, mas dá para viver muito bem, uma vez que não é preciso gastar com casa nem comida - e é por isso que au pair é um bicho que viaja e está sempre em festa. Morar com uma família americana te força a praticar o idioma todos os dias, o tempo todo.

O fator financeiro também é a razão principal pela qual os americanos optam por ter uma au pair. Contratar uma nanny é caro. Na hora de fazer o match com a família, é preferível achar pais super legais a filhos fáceis de cuidar. Crianças dão trabalho, isso é fato. Portanto, é mais importante se dar bem com quem vai ser responsável por você durante o ano.

As famílias integrantes do programa - mesmo sendo mais recompensador financeiramente - têm dinheiro. Isso significa que vivem numa casa grande, em cidade pequena - o que, para eles, é sinônimo de vida boa. É muito difícil cair em cidade grande. Não se escolhe onde vai morar, e sim a família.

Para viver realmente bem aqui é preciso uma série de detalhes aparentemente insignificantes: não ter de dividir banheiro com as crianças e em que parte da casa fica o quarto da au pair; rotina e horário das crianças; se há metrô por perto e quantas au pairs vivem na região; se os finais de semanas serão off; e, para mim o mais importante, o uso do carro e divisão de gasolina. Quando estiver em processo de match, não tenha medo de fazer perguntas para as famílias antes de fechar com qualquer uma.

Crianças mais novas dão mais trabalho, além de não irem para escola todos os dias. Experiência própria. As mais velhas, normalmente, têm inúmeras aulas durante a semana, fora do horário escolar: football, soccer, baseball, cheerleading, teatro, balé, natação... As vezes, au pairs são contratadas para serem motoristas.

A counselor, pessoa da agência responsável pelas meninas da região, liga uma vez por mês. Ela não ajuda em nada no processo de achar o que estudar e nem aparenta se preocupar com isso. Por este motivo é comum ver au pairs esquecendo que vieram para estudar também. A minha impressão é que o estudo neste tipo de programa é como uma máscara para não aparentar que estamos aqui só a trabalho.

Muita gente comenta o quanto somos corajosas de vir pra cá. Somos mesmo. Au pair trabalha bastante; americano não é receptivo com estrangeiro; parentes da sua família vão te tratar como empregada. Entretanto, é necessário uma boa dose de coragem contratar alguém de outro país, que você nunca viu antes na vida, para morar na sua casa e cuidar dos seus filhos. Portanto, a relação entre au pair e família tem de ser uma via de duas mãos.

Eu tive sorte: adoro a família que escolhi; tenho carro e GPS só meus; meu quarto e banheiro são no basement, bem reservados; moro numa cidadezinha bem localizada, a 20 minutos do metrô e a meia hora de Washington DC; tenho os finais de semana livres. No entanto, cuido de dois meninos pequenos, o que significa ter de passar o dia todo com eles - até setembro, quando as aulas voltam e a nossa rotina muda.

Cada caso é um caso. São muitos os exemplos, e cada família tem seu lado bom e ruim. Assim como o programa de au pair e absolutamente tudo na vida. Mesmo com todos os apesares, ser au pair é uma forma muito legal de viver um ano em outro país. Eu recomendo e me surpreendo com a quantia de brasileiras que encontro.

Estou aberta a mais perguntas, que responderei com prazer aqui no blog. E aproveito para agradecer minha amiga Camila que pacientemente me respondeu um milhão de perguntas quando eu estava no meu processo de match - e ela já passava para o segundo ano como au pair.

Brenda

segunda-feira, 7 de junho de 2010

The book is on the table

Com o U2 eu aprendi que se eu me machucar, eu tenho um bruise. Linkin Park me ensinou que crawl é rastejar. Se eu quiser viajar, eu tenho que me hospedar em uma inn, igual a Dragonfly da Lorelai de Gilmore Girls.

Se estiver muito quente, eu vou começar a melt, como o Bert, do The Used. Agora, se estiver muito frio, como no E.R do County Hospital de Chicago, eu vou estar freezing.

Neo é o escolhido do Matrix, mas é Bruce Dickinson quem canta "I am the chosen one". My Chemical Romance me ensinou sobre armas: para disparar uma bullet, eu preciso apertar o trigger.

Desde que me mudei, agradeço pelo tempo que passei em frente à TV assistindo séries e filmes americanos, ou vendo tradução de música na internet. Prestar atenção nos detalhes não foi a toa e prova que dizer "Ou eu olho para a tela ou eu leio a legenda" é desculpa de preguiçoso.