terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

UM ANO



Um ano de intercâmbio, de vida de au pair, de cultura americana. Um ano sem a presença real (porque a virtual faz muito bem a parte dela) de família e amigos. Um ano adquirindo amizades, experiências, memórias pra guardar pra vida inteira.


Sem transformar o post em um discurso de agradecimento de Academy Awards, mas aproveitando a oportunidade pra dizer um MUITO OBRIGADO... Aos meus pais que não só nunca questionaram minha decisão, como me deram todo o apoio possível. Aguentaram a barra mesmo quando a saudade apertava e isso me deu a força necessária pra permanecer longe em paz de espírito. Foi a melhor decisão que já tomei. (And the Oscar goes to...) Um ano sem ve-los (e meu irmão incluído) ainda me soa completamente estranho, mas eu consegui. Fui capaz de muita coisa que antes da viagem acreditava não ser, e é muito bom desafiar e derrotar a si mesmo.


Sinto falta da minha cidade, minha casa, meu quarto, do conhecido, mas não sinto falta do meu país. Não sou e nunca vou ser patriota, e considero, sim, aqui melhor que aí. Esses 365 dias me proporcionaram mais causos do que o resto dos meus quase 23 anos. Aprendi a viver plena e intensamente, por mais brega que possa soar. Há sempre algo novo a explorar, pessoas novas a encontrar, lugares novos pra ir. E o melhor de tudo é saber que isso pode - e deve - continuar da mesma forma quando voltar para o Brasil. Meu mundo foi quase sempre uma cidadezinha de 180 mil habitantes e seus arredores. Nem mesmo a capital de São Paulo eu conheço da forma que deveria. Se em um ano consegui visitar o mesmo (ou até mais) dos EUA, anseio por conhecer o meu próprio país ao máximo. Viver no Brasil tem suas desvantagens, mas é nele que se encontra todas as razões para me fazer querer voltar quando essa fantasia toda acabar. Difícil vai ser me convencer de tudo realmente aconteceu (outra breguisse real).


Entendo agora aquelas frases bem "hollywoodianas" do estilo "preciso sumir/viajar para me encontrar". A minha estadia na América me ajudou a definir quem eu sou e a me conhecer melhor de que qualquer outro ano da minha vida. É fevereiro de 2011 e não posso dizer que nem vi passar. Passou rápido, não nego. Mas os meses nunca foram tão bem marcados e demarcados, seja pelas estações, viagens ou posts no blog. Troquei a frase "Tenho mais X meses aqui" por "Tenho SÓ mais seis meses". Agora é countdown. Colocar em prática tudo que ainda precisa ser feito, visto e visitado. As vezes, eu preciso relembrar a listinha de motivos que me fizeram estender o programa por só mais seis meses, porque me pego pensando que o tempo restante possa não ser suficiente... Um ano não é.


No entanto, tenho só a agradecer por tudo que já fiz, vi e visitei. Abusando das breguices roteirísticas de filme: "Life is a highway"... and I am traveling.





PS: Pra fechar o one-year-anniversary, eu ganhei um presente dos meus pais. Eles adotaram mais uma cachorrinha! =´D

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A "thank you" and "see you soon" note


É claro que eu iria tentar rascunhar algo para você, mas resolvi escrever a cartinha "a caneta" na internet, pra dar o tom que ela (e você) merece na minha vida: para sempre. Então, desculpem-me todos que a lê, este post é dedicado à Ana Paula.

O medo de viajar "sozinha" para os EUA no dia 22 de fevereiro de 2010 foi logo transformado em uma viagem coletiva de 16 brasileiras. Todas trocando histórias e tentando acalmar os nervos poucos minutos antes de embarcar. Dentre elas, dei sorte de encontrar alguém que também viria para a Virginia. Dividimos quarto de hotel na orientação de au pair, viagem de trem para encontrar as host families, e, a partir daí, dividimos a estadia na terra do Tio Sam.

Viagem para a Disney, para Califórnia e Las Vegas. A noite mais fria das nossas vidas no hostel em NY. Os tombos esquiando na Pennsylvania. O tempo a toa deitadas na grama do Mall de Washington DC, olhando o céu. As (poucas) cluster meetings miadas. As baladas, as sessões de cinema, as bads, as brisas. Nós passeamos, viajamos, colorimos o cabelo, comemos e bebemos, ficamos bêbadas, dançamos, fomos a shows, nos perdemos, aprendemos a usar o metrô da VA, tomamos chuva, falamos em inglês, brigamos, fizemos compras, ouvimos muita música, choramos, rimos. E rimos. E rimos mais um pouquinho. E abalamos. Tudo em um ano.


É por esse motivo que EUA, até então, foram sinônimo de Ana Paula. Mas agora, prestes a completar os 365 dias de intercâmbio, eu escolhi ficar, você escolheu voltar. E eu nem sei como será continuar a estadia sem compartilhá-la com você.

Mas, depois daqui, aguardo para sermos amigas na vida real. Conhecer e apresentar família e amigos, de quem tanto conversamos e contamos causos. O interior de São Paulo tem casa e planos a sua espera a qualquer hora que quiser aparecer. E a capital só será visita completa se dividida com você. Afinal, no Brasil, só 50 minutos a mais dos 40 daqui separam as nossas casas.

E eu devo uma quantia de "obrigada" absurda por simplesmente estar aqui e me deixar aprender a ser um pouco como você: de bem com a vida, ver o melhor em cada pessoa e não ter vergonha de compartilhar as ideias mais viajadas que passa na cabeça.

Boa viagem e a gente se vê em agosto.